Clube dos produtos gratuitos
Mais duas lojas abrem
suas portas no país com o formato “Clube do Grátis”: membros
cadastrados retiram produtos gratuitamente apenas relatando sua
experiência de uso
O consumidor nunca
achou que sua opinião valesse tanto. Em troca dela, poderá ganhar
produtos com valor de até R$ 100 em duas lojas que abrem as portas
no Brasil nos próximos dias: o Clube Amostra Grátis e a Sample
Central. Isso pode parecer alguma promoção, mas são dois
empreendimentos sérios, que devem movimentar alguns milhões de
reais e pôr em debate a importância da opinião dos consumidores.
As duas lojas trabalham
com o conceito de tryvertising (junção dos termos try e
advertising, que significam teste e propaganda), que é a
familiarização do consumidor com o produto por meio do seu teste. A
loja expositora cobra uma taxa dos fabricantes para divulgar e
distribuir seus produtos aos membros cadastrados. Esses pagam uma
taxa anual pequena, e podem retirar uma quantidade de produtos
gratuitamente, desde que respondam a uma pesquisa sobre sua
experiência de uso. As empresas , por sua vez, dão visibilidade a
seus produtos, além de terem um relatório de como seus lançamentos
devem ser recebidos no mercado.
“Com esse sistema, o
consumidor tem uma experiência de uso plena, diferente do que ocorre
com amostras grátis; e a empresa pode testar as expectativas do
consumidor, e o feedback dele é garantido”, afirma Heloísa Omine,
professora da pós-graduação da Escola Superior de Propaganda e
Marketing (ESPM).
Como lucrar com o
grátis
Pode parecer
contraditório que oferecer produtos de graça possa gerar algum
lucro. Mas o que as duas lojas estão fazendo é criar um espaço de
diálogo mais profundo entre o consumidor e a indústria: o primeiro
tem uma experiência mais intensa com o produto; a segunda tem uma
resposta mais completa de como seu produto foi recebido.
“O questionário de
avaliação leva apenas três minutos para ser preenchido, tem de
cinco a dez perguntas objetivas, e no máximo uma dissertativa.
Limitamos seu tamanho em respeito ao associado”, afirma Luis Gaeta,
40, fundador do Clube Amostra Grátis. Junto com o colega Denis
Shimada, 34, investiu R$ 2,5 milhões na abertura da loja, e deve
gastar mais R$ 1,5 milhão até o fim do ano.
O Clube Amostra Grátis
será inaugurado nesta terça-feira (11) na Rua Harmonia, 213 –
Vila Madalena, São Paulo-SP, e já tem cerca de 90 produtos
disponíveis. Para se cadastrar, o consumidor paga uma taxa anual de
R$ 50, e poderá retirar até cinco produtos por mês. “Temos 8 mil
sócios, e esperamos alcançar 20 mil até o fim de maio”, diz
Gaeta. Enquanto não tiver respondido todos os questionários, o
membro do clube não poderá retirar novos produtos.
A meta do
empreendimento é faturar R$ 3 milhões em 2010. Para uma empresa
expor um produto na loja e ter acesso à pesquisa feita com os
consumidores ela deve pagar R$ 8 mil. Quanto mais produtos, menor
será o preço unitário. Os sócios estão otimistas, e pretendem
abrir mais duas lojas ainda neste ano, em São Paulo e em outra
capital, como Rio de Janeiro ou Curitiba.
Sample central é
baseada na matriz japonesa.
Não é à toa que as
lojas grátis estão em áreas nobres da cidade. “Fizemos um estudo
de geo-marketing para abrir a loja no lugar mais frequentado por
nosso público-alvo, que vai das classes A2 à C1”, diz João Pedro
Borges, sócio da Sample Central. Para as empresas parceiras do
empreendimento, é vantagem que o produto entre em contato com
consumidores de alta renda, antenados em novidades no mercado e que
sejam referência dentro de seu grupo. “Se essa pessoa experimentar
um produto e gostar, isso pode ter um efeito em cadeia e gerar
visibilidade para outras pessoas”, afirma Heloísa.
A Sample Central será
inaugurada no final de junho na Rua Augusta, 2078/2080 – Jardim
Paulista, São Paulo-SP. O empreendimento é uma franquia da Sample
Lab, loja criada no Japão em julho de 2007. Junto com o publicitário
Celso Loducca, Borges trouxe para o país o modelo do grátis, e para
abrir a loja se associou com o instituto de pesquisa Ibope; a agência
de marketing Bullet; e os fundos independentes DGF Investimentos e
Cales Investimentos. Para começar o negócio, foram investidos R$ 4
milhões, mas Borges espera recuperar esse valor em poucos meses e
faturar R$ 7 milhões em um ano de empresa.
O modelo da Sample
Central é parecido com o do Clube Amostra Grátis, mas tem algumas
diferenças. A taxa de cadastramento é R$ 15; o consumidor
cadastrado pode retirar cinco produtos por dia; mas sua visita tem de
ser agendada com antecedência. “Queremos uma boa experiência de
uso, por isso teremos grupos de no máximo 70 pessoas”, diz Borges.
Em duas semanas de cadastramento, a Sample Central conseguiu quase 6
mil membros. A previsão é alcançar 40 mil em nove meses.
A Sample Central
diferencia bem as vantagens da loja grátis quando divide seus
serviços em dois. A empresa pode somente expor seus produtos nas
prateleiras (de R$ 4.800 a R$ 5.400, dependendo do lugar), para
apenas dar visibilidade a algum lançamento; ou pode, além da
exposição, ter acesso ao resultado da pesquisa (R$ 7.500
adicionais), que permite saber como foi a aceitação daquele produto
específico.
De acordo com Heloísa,
ambos os empreendimentos devem prestar atenção ao que vão expor na
loja. “Deve haver na loja produtos famosos, que chamem a atenção.
De outro modo, dificilmente os consumidores vão querer experimentar
o que estiver lá”, diz ela. Se a empresa disponibilizasse um iPad
para teste, exemplifica, com certeza criaria uma expectativa grande,
e isso seria uma propaganda para o negócio como um todo. “[O
modelo de lojas grátis] é uma estratégia interessante, mas os
empreendedores terão um trabalho árduo para expor os produtos de
grandes empresas que sejam objetos de desejo do consumidor e, enfim,
tornar seu estabelecimento mais interessante”, afirma.
Matéria publicada por International Sites Brasil (www.internationalsites.com.br), em parceria com a Gráfica Muito Mais Barata (graficamuitomaisbarata.blogspot.com.br) e o Portal Consultas Contábeis (consultascontabeis.blogspot.com.br). Editores: Flávio Del Puente (Vendas e Marketing), Clara Cont (Contabilidade e Finanças) e Mauro Marques (Gestão e Empreendedorismo).
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