Como se tornar um vencedor nos negócios
Saiba quais são as
atitudes e as características indispensáveis para você conseguir
transformar seu sonho em realidade
Você acredita que o
fator mais importante para alcançar o sucesso no mundo dos negócios
é saber administrar bem a sua empresa? Pensa que o principal é
dominar a técnica para formar o preço de venda, controlar o
estoque, organizar o fluxo de caixa e divulgar produtos e serviços
com eficiência? Então, preste atenção: se você quiser tornar-se
um vencedor, com “v” maiúsculo, como Bill gates, da Microsoft, e
Michael Dell, da empresa de computadores que leva o seu sobrenome, ou
como os brasileiros Rolim Amaro, da Tam, morto em 2001, e Luiz
Seabra, da Natura, precisará rever muita coisa do que aprendeu sobre
o sucesso empresarial depois de ler este estudo.
Ao contrário de tudo o
que lhe ensinaram desde sempre, pesquisas recentes realizadas em todo
o mundo, em particular, nos Estados Unidos, mostram que o sucesso nos
negócios depende principalmente de nossos próprios comportamentos,
características e atitudes, e não tanto do conhecimento técnico de
gestão quanto se imaginava até pouco tempo atrás.
“No fundo, o que
conta na trajetória de um vencedor é o seu comportamento”, afirma
o consultor Flávio Del Puente, gerente de Marketing da Alto Astral
Presentes. “A formação técnica e o conhecimento de administração
são fatores necessários, mas não são suficientes para desencadear
a abertura de um negócio e nem levar um empreendedor ao sucesso.”
Longe de ser uma
exceção, a afirmação de Flávio reflete uma percepção crescente
entre os estudiosos do empreendedorismo de que a chave do sucesso
está, de fato, na postura de cada um de nós. Assim como Flávio,
Silvânia Marques dos Anjos, pedagoga, especialista em recursos
humanos e diretora administrativa, também está convencida de que o
comportamento é decisivo para se dar bem no mundo dos negócios. Em
uma escala de 1 a 10, Silvânia dá peso 1 para a formação técnica
de um empreendedor e peso 9 para o comportamento. “O segredo de um
vencedor está na sua conduta, já que as ferramentas de gestão
estão disponíveis no mercado.”
"7% é o índice de
mortalidade de empresas cujos donos passaram por programas de
desenvolvimento comportamental"
O consultor José
Carlos Assis Dornelas, professor visitante do Babson College, dos
Estados Unidos, um dos principais centros de estudo sobre o tema no
mundo, e autor do livro “Empreendedorismo - Transformando Idéias
Em Negócios” (Ed. Campus, 65 reais, 304 págs.), é mais um
exemplo da força com que a nova tendência se instalou no país. “A
maioria dos cursos de empreendedorismo no Brasil concentra-se no
desenvolvimento de um plano de negócios”, afirma Dornelas. “Isso
é um equívoco, porque o conhecimento isolado das ferramentas de
administração não leva a lugar nenhum.”
Psicanálise - o caso
do empresário Pedro Gill, 29 anos, ilustra com perfeição como o
comportamento é capaz de influenciar os resultados no mundo dos
negócios. Considerado como um “empreendedor em série” (serial
entrepreneur, em inglês), em razão de sua capacidade de criar novos
negócios, Gill não conseguia transformá-los em sucesso duradouro.
Ele foi um dos primeiros a abrir uma fábrica de incensos no Brasil,
mas nunca ficou rico. Após a fase de implantação dos projetos,
Gill perdia a motivação para tocá-los. “A idéia só me
empolgava quando era nova”, afirma. “Depois, queria partir para
novos desafios e abandonava tudo.”
Sintomaticamente, a
solução do problema de Gill não veio com a realização de um
curso de MBA numa escola de renome, mas por meio de sessões semanais
de psicanálise e da leitura do Marketing da Nova Era. Graças à
terapia e ao conhecimento mais profundo do seu ramo de negócio, Gill
diz que pôde se conhecer melhor e avaliar as conseqüências de seu
comportamento, que lembrava o de um adolescente que se cansa de sua
bicicleta nova ou de seu carro 0 km após a primeira volta no
quarteirão. “Tive que reconhecer que perdia grandes oportunidades
ao deixar meus negócios de lado”, afirma. “Percebi que precisava
buscar novos desafios nos próprios negócios e não fora deles.”
Hoje, o mais recente
empreendimento de Gill, uma loja esotérica no centro de são paulo,
é um grande sucesso - e até agora, quatro anos após a sua criação,
ele se mantém firme no leme. “Quem não reconhece os próprios
erros não se desenvolve”, diz Gill.
Como você pôde
constatar, a solução do problema de Gill não teve nada a ver com
conhecimento técnico de gestão. Era uma questão comportamental,
cuja solução estava ao alcance de suas mãos e dependia apenas dele
- e de mais ninguém. E, graças às mudanças que adotou em suas
atitudes, hoje é um sério candidato a integrar o seleto clube dos
empreendedores bem-sucedidos num futuro não muito distante.
No entanto, como não
poderia deixar de acontecer numa questão tão complexa, a percepção
de que o comportamento é o fator mais importante para o sucesso
trouxe novas dúvidas aos especialistas. Será que é possível
identificar qual é o comportamento que distingue os empreendedores
de sucesso dos demais? Qual é o dna dos vencedores? O que os faz
diferentes de todos os outros?
Metodologia - um estudo
realizado pela Mc Ber & Company, do psicólogo David Mc Clelland,
um dos pioneiros no estudo do comportamento dos empreendedores, e
pela Management Systems International, empresa de consultoria com
sede em Washington, identificou dez características fundamentais
para um empreendedor conquistar o sucesso, como iniciativa,
persistência e comprometimento com o negócio. Além disso, a
pesquisa identificou também a necessidade de o empreendedor correr
riscos calculados, estabelecer metas, buscar informações, planejar,
manter uma rede de contatos e ser exigente quanto à qualidade e a
eficiência.
“A formação técnica
e o conhecimento de gestão não são suficientes para levar ao
sucesso”
O estudo, adotado pela
ONU há 15 anos, permitiu o desenvolvimento de uma metodologia
inédita de capacitação de empreendedores. Batizada com o nome de
Empretec, ela é aplicada hoje em 37 países, entre eles, o Brasil.
Aqui, é desenvolvida com exclusividade e com grande êxito pelo
Sebrae, a entidade de apoio aos micro e pequenos empresários.
Responsabilidade - de
acordo com o Sebrae, o índice de mortalidade das empresas cujos
donos passaram pelo empretec é de apenas 7% até dois anos depois do
treinamento, enquanto que, entre os empreendedores que não tiveram
uma experiência do gênero, alcança 42% até o segundo ano de
existência da empresa, ou seja, seis vezes mais. “A idéia é
permitir que o empreendedor se familiarize com as características
presentes nos empresários bem-sucedidos para que ele possa
desenvolver seu próprio potencial”, diz Luiz Carlos Barbosa,
diretor técnico do Sebrae.
Nesta estudo,
procuramos nos concentrar somente nas características
comportamentais, que não envolvem aspectos gerenciais, como a busca
pela qualidade e o planejamento do negócio incluídos na metodologia
do Empretec. Com base em diferentes estudos realizados sobre o tema,
selecionamos 11 características e atitudes fundamentais para um
empreendedor alcançar o sucesso - capacidade de sonhar, paixão pelo
que faz, iniciativa, criatividade, curiosidade, tolerância a
incertezas, coragem, disciplina, persuasão, persistência e
humildade.
A maioria dos cursos de
empreendedorismo no Brasil concentra-se no plano de negócios
Até há pouco tempo,
de acordo com o consultor José Dornelas, muita gente boa por aí
acreditava que o espírito empreendedor era algo inato, que os
vencedores já nasciam com um diferencial e eram predestinados ao
sucesso nos negócios. Hoje em dia, cada vez mais, as pesquisas
apontam no sentido de que o comportamento dos empreendedores
bem-sucedidos pode ser ensinado e compreendido, em boa medida, por
qualquer pessoa. Os empreendedores inatos existem, é claro. Ninguém
seria insano de negar sua existência. Mas, segundo o consultor Luiz
Fernando Garcia, representam apenas 3% do total. De qualquer forma,
diz ele, só o ensino não basta para mudar o comportamento. É
preciso ter uma visão da experiência para poder atuar numa situação
semelhante.
Os brasileiros, neste
aspecto, levam certa vantagem em relação a outros povos. de acordo
com uma pesquisa realizada pela Global Entrepreneurship Monitor,
instituição criada pela London Business School e pelo Babson
College, de Boston, o Brasil ocupa a sétima posição, entre 29
países pesquisados, na lista dos povos mais empreendedores do mundo.
Aqui, há um empreendedor para cada sete pessoas da população
ativa, em busca de realização pessoal, independência financeira e
principalmente sobrevivência. Já é um sinal promissor.
Agora, confira quais
são as características e atitudes indispensáveis para você se
tornar um empreendedor bem-sucedido.
No dia 23 de outubro de
1946, o professor Sérgio Castro, que lecionava química num colégio
estadual de Bauru, no interior de São Paulo, lembrou a seus alunos o
aniversário do vôo pioneiro de Santos Dumont, em Paris, no início
do século 20. Ao terminar a conversa, um dos alunos, então com 15
anos, perguntou: “Se tivemos um santos dumont e temos um país tão
grande, por que o Brasil não fabrica aviões?” O adolescente era
Ozires Silva, que em 1970 fundaria a Embraer, hoje uma das maiores
fabricantes de aeronaves comerciais do mundo.
A história, contada
pelo consultor César Souza, do Monitor Group, demonstra a
importância dos sonhos na vida de um empreendedor bem-sucedido.
Formado em administração de empresas, com MBA pela Universidade de
Vanderbilt, nos Estados Unidos, Souza diz que os sonhos “sonhados
com os olhos bem abertos” representam o primeiro passo para trilhar
uma trajetória de sucesso. “Os sonhos movem o mundo”, afirma.
“Todas as grandes ações são fruto do sonho de alguém.”
O sonho de que fala
Souza passa longe do devaneio, do capricho infantil, da fantasia e de
tudo o que fuja à realidade. É um sonho focado, factível, ainda
que seja ambicioso e ousado. É um sonho que renova, mobiliza,
compromete, estimula a pensar e a agir, com os pés no chão. Não é
obra do acaso. Requer gestos conscientes. Se não houver ações
claras e direcionadas da sua parte, para transformar os sonhos em
projetos e em ações concretas, não se iluda: tudo vai continuar
exatamente do jeito que está. Além disso, os sonhos devem ser
dinâmicos. As circunstâncias mudam, os sonhos e os desejos, também.
Outra coisa: comunique os seus sonhos. Muitos sonhadores não
compartilham seus sonhos com seus parceiros e funcionários. “Quando
não se conhece o sonho, fica difícil se comprometer com a sua
execução.”
Paixão pelo que faz
Os empreendedores de sucesso são apaixonados pelo seu negócio. Um dos principais motivos de seu sucesso é que amam o que fazem e fazem o que amam. Entregam-se de corpo e alma a seus projetos. Trabalham sempre com emoção e excitação e procuram encontrar forças em si próprios para seguir em sua trajetória. Por isso, se você não tem uma chama de paixão por um determinado tipo de negócio, é melhor nem começá-lo. Se o seu coração não estiver na coisa, você não vai ficar muito tempo na arena empresarial. “Não paute a sua vida só por dinheiro”, diz o publicitário Nizan Guanaes, um dos mais bem-sucedidos profissionais da área no país. “Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer ser um grande bandido ou um grande canalha, porque tudo que fica pronto na vida foi construído antes na alma.”
Necessidade de
realização
Qualquer empreendedor
que seja digno do nome tem que ter iniciativa para criar um novo
negócio, para inovar. Segundo o psicólogo americano David Mc
Clelland, um dos pioneiros no estudo do comportamento dos
empreendedores, a necessidade de realização é fundamental para
alcançar o sucesso. Em sua pesquisa, Mc Clelland constatou que os
empreendedores bem-sucedidos têm uma necessidade de realização
maior do que a média da população.
Em princípio, segundo
o consultor Luiz Fernando Garcia, todo ser humano tem uma motivação
natural para realizar. Cabe a cada um de nós, na sua opinião, usar
tal potencial e direcioná-lo, conforme o nosso desejo, à realização
de tudo com o que sonhamos.
É como diz o psicólogo
clínico e professor de administração e liderança no Insead, na
França, Manfred Kets De Vries: “Existem três tipos de pessoas no
mundo: as que fazem acontecer, as que vêem acontecer e as que se
perguntam o que aconteceu - e todos nós sabemos em qual categoria
estão os empreendedores”.
Criatividade
A criatividade e a
inovação são características praticamente indissociáveis do
espírito empreendedor. Mas você não precisa ser um Professor
Pardal para conquistar o sucesso. A criatividade no mundo dos
negócios pouco ou nada tem a ver com a dos cientistas. Ela está
relacionada, na visão de Daniel Muzyka, professor de capacidade
empreendedora do Insead, na França, com o poder de estruturação de
um negócio em torno de uma oportunidade e de sua posterior
implementação. Um dos maiores elogios que uma inovação pode
receber, segundo Muzyka, é alguém dizer: “Isso é óbvio. por que
não pensei nisso antes?”
O engenheiro e
administrador de empresas Ronald Degen, autor do livro “O
Empreendedor” (Makron Books, 105 reais, 372 págs.), acredita que a
criatividade nos negócios é decorrente da observação de inúmeras
empresas, de associações de idéias e da experiência trazida por
nossos sucessos e fracassos. “As pessoas são expostas diariamente
a centenas de empreendimentos, mas a grande maioria só vê anúncios
e fachadas”, diz Degen. “Só os verdadeiros empreendedores
identificam oportunidades atrás dos anúncios e das fachadas e as
razões para seu sucesso ou fracasso.”
Curiosidade
A chave para ser um
empreendedor bem-sucedido, de acordo com Daniel Muzyka, do Insead, é
ter a capacidade de identificar, explorar e capturar o valor das
oportunidades de negócios existentes no mercado. Trata-se, segundo o
consultor José Carlos Assis Dornelas, do Babson College, dos Estados
Unidos, da parte mais difícil da atividade empreendedora. Dornelas
diz que a oportunidade é como um velho sábio, barbudo, baixinho,
careca, que passa ao lado da gente, sem que ninguém o note. quando
percebemos que ele pode nos ajudar, tentamos correr desesperadamente
atrás dele e, com as mãos, tocá-lo na cabeça para abordá-lo.
Mas, finalmente, quando conseguimos tocar na cabeça dele, ela está
toda cheia de óleo e os nossos dedos escorregam sem conseguir
segurar o velho, que vai embora. Quantas vezes já não deixamos o
velho passar? Os empreendedores de sucesso “agarram o velho” com
as duas mãos, logo no primeiro instante, e procuram usufruir o
máximo que podem de sua sabedoria.
Para o engenheiro e
administrador Ronald Degen, o empreendedor nunca deve se cansar de
observar negócios, na constante procura por novas oportunidades,
seja no caminho de casa, do trabalho, nas compras, nas férias, lendo
revistas, jornais ou vendo televisão. De acordo com Degen, deve ser
curioso e atento a todos os tipos de informações, porque sabe que
suas chances melhoram quando o seu conhecimento aumenta.
Em geral, considera-se
que há oito fórmulas para facilitar o processo de identificação
de oportunidades: identificação de necessidades, observação de
deficiências, tendências, derivação da ocupação atual, procura
de outras explicações, exploração de hobbies, lançamento de moda
e imitação do sucesso alheio.
Tolerância a
incertezas
Empreender, é preciso
não ter ilusões, é algo arriscado por definição. E, se você não
gosta de lidar com a incerteza, afirma Peter Drucker, o papa da
administração de empresas, jamais será um empreendedor
bem-sucedido. Na verdade, dificilmente conseguirá se destacar em
qualquer atividade, na função de capitão de transatlântico, que
tem a responsabilidade pela tomada de decisões, porque a essência
de qualquer decisão é a incerteza.
Isso não significa que
é preciso ter estômago para enfrentar situações de altíssimo
risco. De acordo com Drucker, os empreendedores que alcançaram êxito
não são tomadores de risco. O que eles fazem é definir os riscos
que precisam correr e procurar minimizá-los o máximo possível. “Os
inovadores de sucesso são conservadores, e têm que ser”, afirma
Drucker. “Não se concentram nos riscos, mas sim nas
oportunidades.”
Coragem e ousadia
No final da década de
50, ninguém acreditou no projeto do empresário João Hansen Júnior,
da Tigre Tubos e Conexões, de produzir produtos de pvc. De acordo
com o consultor Idalberto Chiavenato, autor do livro
“Empreendedorismo - Dando Asas Ao Espírito Empreendedor” (ED.
Saraiva, 41,60 reais, 277 págs.), Hansen foi a uma feira de
plástico, em Hanover, na Alemanha, e comprou os equipamentos
necessários para iniciar a sua produção no país. Hoje, a Tigre
fatura 1 bilhão de reais por ano e está presente em 90% dos
municípios brasileiros. Dá para entender do que estamos falando?
O empresário Ricardo
Bellino, autor do livro “O Poder Das Idéias” (Ed. Campus, 27
reais, 180 págs.), afirma que, sem coragem e ousadia, uma grande
idéia não acontece, fica no nível da abstração. Você não pode
pecar pela omissão, diz ele, por não ter esgotado todos os
recursos. “As pessoas têm medo de ouvir um não”, afirma
Bellino. “Por isso, não correm riscos.”
Você pode ter medo, é
claro. E deve conscientizar-se disso e não tentar negá-lo. De
acordo com o psiquiatra Paulo Gaudêncio, que atua como consultor de
empresas, é preciso respeitar o medo. “Quem quer ser empreendedor
deve saber que isso dá medo”, afirma Gaudêncio. “Mas esse medo
é essencial, porque não vai deixá-lo superestimar suas forças.”
Segundo Bellino, a
adrenalina que o medo provoca, muitas vezes, funciona como um
combustível para suas idéias. “Você precisa da adrenalina para
caçar, para conquistar, para conseguir as coisas”, afirma. Ele
acredita que deixar de levar adiante uma idéia por falta de coragem
é como ir para uma guerra com a certeza de que você vai morrer. “É
claro que essa possibilidade sempre existe, mas, para sobreviver,
para que tudo dê certo, você precisa acreditar que sairá vivo.”
Disciplina
O mundo dos negócios
não difere do mundo dos esportes ou do mundo das artes. o consultor
Ronald Degen diz que, como tudo na vida, o sucesso de um atleta como
Joaquim Cruz ou de um pianista como Arthur Moreira Lima é função
direta do esforço que eles fizeram durante muitas horas diárias de
treinamento e por toda uma vida. “Os empreendedores bem-sucedidos
não esperam até que recebam o beijo da musa e esta lhes dê uma
idéia brilhante”, afirma, por sua vez, Peter Drucker, o guru da
moderna administração. “Eles se põem a trabalhar.”
As afirmações de
Drucker e Degen resumem a dura, duríssima, batalha dos
empreendedores em busca da concretização de seus sonhos. Como
afirmou o economista Milton Friedman, da Universidade de Chicago, nos
Estados Unidos, não há almoço grátis. Quem começa a empreender
com a idéia de que irá conseguir grandes realizações num curto
espaço de tempo, com certeza vai fracassar. Os empreendedores
somente terão sucesso se se apoiarem na disciplina. É preciso ter
devoção, comprometimento de tempo e esforço para fazer a empresa
crescer.
Quase sempre os
empreendedores, mesmo aqueles muito bem sucedidos, trabalham de 12 a
16 horas por dia e não raro sete dias por semana. Quem investe
tantas horas em trabalho sacrifica muitos aspectos de sua vida,
principalmente o lazer e a família. O preço da independência pode
ser muito alto. Para muitos, alto demais. Mas, para poucos, vale a
pena arriscar.
Persuasão
O sucesso no mundo dos
negócios é resultado de um longo processo de condicionamento.
Quem está em busca do
sucesso, de acordo com Marília Rocca, fundadora e diretora do
Instituto Empreender Endeavor, de São Paulo, dedicado à formação
de empreendedores e à difusão da cultura empreendedora no país,
deve ter a capacidade de contagiar as pessoas com seus planos e
idéias. Ele deve saber dar uma boa cantada. “No Instituto, quando
chega um empreendedor, todo mundo facilita a vida dele, atende aos
seus pedidos, porque ele sabe se relacionar com fornecedores e
clientes como ninguém”, diz ela.
Segundo a professora
Rita Gunther Mcgrath, da divisão de organização gerencial, da
Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, os empreendedores
bem-sucedidos são brilhantes no uso de seus contatos pessoais para
criar oportunidades valiosas de negócios. Tendem a ser lobistas
dedicados e incansáveis.
O empresário Ricardo
Bellino, representante do americano Donald Trump no país, diz que as
pessoas precisam acreditar que você é capaz de concretizar uma
idéia. Ele afirma que uma idéia só se torna grande quando convence
de fato as pessoas. Quem dá dimensão para a idéia não é você; é
quem a escuta e a compra.
Persistência
Ainda que seja apenas
para vencer a torcida contrária, os realizadores de sonhos têm que
possuir uma dose extra de perseverança, de acordo com o consultor
César Souza, do Monitor Group. Afinal, por incrível que pareça, é
comum sermos desestimulados a realizar nossos objetivos até mesmo
por quem deveria estar do nosso lado.
Em outras
oportunidades, por uma série de razões, nós mesmos pensamos em
desistir de nossos empreendimentos. A história nos mostra, porém,
que os grandes vencedores chegaram ao topo do pódio justamente
porque tiveram a persistência necessária para concretizar os seus
sonhos.
O craque de basquete
americano Michael Jordan, por exemplo, foi cortado do time da escola.
O cientista Albert Einstein não sabia falar até os 4 anos; só
aprendeu a ler aos 7. Chegou a ser expulso do colégio e não
conseguiu ser admitido na escola politécnica de Zurique. Em 1944, a
diretora da agência de modelos americana Blue Book Modeling disse à
candidata Norma Jean Baker: “É melhor você fazer um curso de
secretariado ou arrumar um marido”. Norma, depois, tornou-se mais
conhecida como Marilyn Monroe. São apenas alguns casos que mostram
como a persistência é capaz de mover montanhas.
A perseverança, porém,
não significa que você deve insistir num erro, caso tenha adotado
uma estratégia equivocada para realizar o seu sonho. Em alguns
momentos, é preciso, efetivamente, mudar. “Como empreender é algo
parecido com uma montanha-russa, em que se alternam bons e maus
momentos, o empreendedor terá pela frente grandes desafios”,
afirma Marília Rocca, do Instituto Empreender Endeavor. “Para
chegar lá, é preciso persistir na trajetória definida previamente,
confiar no negócio e buscar as metas estabelecidas.”
Humildade
Uma frase do presidente
da Nestlé, Ivan Zurita, mencionada pelo consultor César Souza, diz
tudo a respeito deste item: “Quando você acredita que já ganhou
começa a perder terreno”. Foi assim, segundo Souza, que a Varig
perdeu a liderança do mercado para a Tam, e a Volkswagen, para a
Fiat.
A conquista do sucesso,
diz ele, pode ser um dos maiores obstáculos à realização de seu
sonho. a tendência do vencedor é se acomodar, repetir as mesmas
soluções que deram certo uma vez e rejeitar as novidades. Além
disso, o sucesso cria situações novas, com as quais nem sempre as
pessoas estão preparadas para lidar: inveja, ciúmes,
ressentimentos. É preciso saber administrar tais energias para
evitar o erro da maioria: ficar preso em suas armadilhas.
Entre as principais
armadilhas do sucesso, Souza destaca: a vaidade pessoal, a
acomodação, a repetição do que deu certo no passado, a
onipotência, a perda de sensibilidade, a busca de conselhos de
pessoas erradas, a falta de autodomínio (dinheiro, poder, bens de
consumo extravagantes, hábitos desregrados). Talvez o melhor exemplo
de uma vítima do sucesso seja o ex-jogador de futebol argentino
Diego Maradona. Ele se deixou deslumbrar pelo sucesso e, como se
sabe, teve casamentos desfeitos, suspensão por uso de doping na copa
do mundo e precisou se tratar numa clínica cubana para tentar
abandonar o vício da cocaína.
Para evitar as
armadilhas do sucesso é preciso entendê-lo como um instrumento e
não como fim em si mesmo, reconhecer a participação dos outros em
suas vitórias, cercar-se de gente que tenha coragem de dizer
verdades. Saber, enfim, que o sucesso de hoje não garante o sucesso
do futuro. “O sucesso é ser feliz”, diz Souza, em referência ao
psiquiatra Roberto Shinyashiki, autor vários de best-sellers.
Matéria publicada por International Sites Brasil (www.internationalsites.com.br), em parceria com a Gráfica Muito Mais Barata (graficamuitomaisbarata.blogspot.com.br) e o Portal Consultas Contábeis (consultascontabeis.blogspot.com.br). Editores: Flávio Del Puente (Vendas e Marketing), Clara Cont (Contabilidade e Finanças) e Mauro Marques (Gestão e Empreendedorismo).