* Manual do sobrevivente

Manual do sobrevivente

As pessoas que superam os momentos difíceis, e aprendem com eles, têm mais chances de sobreviver no mundo dos negócios. É o caso de dois empresários de São Paulo. Eles estiveram a ponto de fechar as portas mas decidiram ir adiante. Reformularam os produtos, buscaram outros mercados e hoje têm uma nova visão do negócio.
Quem conhece a fábrica de incensos hoje, não imagina as crises que ela já atravessou. A primeira foi nos anos 90. os dois principais clientes da empresa entraram em concordata.
“Tivemos que nos desfazer inclusive de bens da fábrica, bens de ativos como maquinário, veículos e alguns imóveis e dispensamos pelo menos dois terços da linha de montagem. E ficamos muito pequenos de novo”, lembra o empresário Luiz Carlos.
Para não fechar as portas, os donos da fábrica começaram a aceitar serviço sob encomenda. Para os empresários, foi como se estivessem começando tudo de novo. Só que eles tinham aprendido a lição: é preciso reagir com rapidez às mudanças de mercado e desenvolver bons contatos. “O empresário não pode ficar só dentro da fábrica”, como explica o consultor Renato de Andrade.
“Partindo da premissa de que o mercado está sempre criando novas oportunidades de negócio, conversar com seu cliente, conversar com o seu funcionário, participar de feiras e eventos, reuniões empresariais é extremamente importante porque, às vezes, variáveis aparentemente desconectadas podem sinalizar uma oportunidade que a empresa possa estar aproveitando”, alerta Renato.
A empresa estava voltando a crescer quando passou por outra crise: a invasão dos importados por preços muito baixos. Os empresários decidiram dar uma guinada na produção. aos poucos,trocaram uma linha popular por uma mais sofisticada, voltada para clientes exigentes. A mudança exigiu flexibilidade e muito planejamento.
“Nós não poderíamos, em hipótese alguma, abrir mão de um mercado que nós estávamos há mais de 15 anos e radicalmente mudar para um segmento mais qualificado. primeiro que nós nem sabíamos se tínhamos capacidade e qualidade para atendê-los. Era um segmento novo para gente”, conta Luiz Carlos.
Mas, as dúvidas do empresário não se confirmaram. A mudança de rumo funcionou e os pedidos aumentaram. Mesmo vendendo menos, os lucros dobraram, pois os artigos agora têm preço mais alto. Os empresários vêm adaptando a fábrica aos novos tempos: para não aumentar os custos fixos com contratações, eles repassam para terceiros algumas fases da produção. A ordem é economizar.
A empresa não tem diretor, gerente, sequer telefonista. Todas as funções são exercidas pelos próprios empresários.
“É para a gente estar preparado para uma eventual crise um pouco maior do que a que a gente vem encontrando. Todo nosso lucro é reinvestido dentro da empresa. Com toda a experiência que nós temos hoje, estamos mais preparados para crises eventuais que porventura possam acontecer”, afirma o empresário Luiz Carlos.
Perceber as mudanças do mercado, reagir com rapidez e ser flexível para dar novo rumo aos negócios foram, também, as características demonstradas pelo empresário Alexandre Spínola no momento da crise. Fabricar fontes de resina foi um bom negócio até 1995. As vendas cresciam 30% ao ano. Quando os preços começaram a despencar, graças a uma grande quantidade de fabricantes e um mercado consumidor em queda, a fábrica entrou no vermelho.
“Foi quando nós resolvemos fazer vendas diretas por feiras, exposições, e para o Brasil inteiro”, diz o empresário.
Para o consultor Renato de Andrade, a ousadia e a coragem para arriscar são indispensáveis se o empreendedor quiser vencer os obstáculos.
“O empreendedor não é um jogador da sorte, não é um aventureiro, é alguém que tem coragem para realizar, quando ele percebe que tem grandes chances de obter o sucesso”, afirma Renato de Andrade.
Para Alexandre Spínola, as principais dicas são inovar sempre e ficar atento às necessidades do cliente: “Cada consumidor para mim é o maior cliente que eu tenho. Então, eu estou ouvindo o consumidor. É de lá que você capta determinadas dificuldades do consumidor. Faz um todo, uma pesquisa e você acaba lançando produtos que o consumidor pede.”
“Principalmente no varejo, a necessidade de lançamento de produtos novos é inerente aos negócios que ali estão. Porque se você não fizer, o seu concorrente faz”, observa o consultor Renato.


Matéria publicada por International Sites Brasil (www.internationalsites.com.br), em parceria com a Gráfica Muito Mais Barata (graficamuitomaisbarata.blogspot.com.br) e o Portal Consultas Contábeis (consultascontabeis.blogspot.com.br). Editores: Flávio Del Puente (Vendas e Marketing), Clara Cont (Contabilidade e Finanças) e Mauro Marques (Gestão e Empreendedorismo).