É complicado deixar simples
Sua pequena empresa
está bem, possui empregados motivados, as vendas aumentam a olhos
vistos, seu caixa é positivo e você não possui débito. Você só
vê o sucesso na sua frente, estimulando-o a investir, crescer e se
desenvolver. Mas, ainda assim, um misto de medo e apreensão o
incomodam. Você achava que o período mais difícil de qualquer
empresa é o começo, com todas incertezas, os juros altos, a
necessidade de criar um mercado, as dificuldades de negociar com
fornecedores e a instabilidade macro-econômica. Tudo isso ficou para
trás agora. Por quê a dúvida em querer crescer?
Larry Farrell, um dos
maiores especialistas em empreendedorismo, durante sua visita ao
Brasil, mostrou um estudo indicando que 84% das maiores empresas
americanas entre 1900 e 2000 já não existem mais, afundaram ou
foram vítimas das mega fusões. As empresas duram em média 30 anos
(talvez seja por isso que não existe fidelidade às empresas: em
geral, elas duram menos que as pessoas!).
Farrell afirmou que um
dos grandes males das atuais empresas é quando o empreendedor, ao se
aposentar, contrata um executivo, com muitos títulos (geralmente um
MBA), achando que vai melhorar sua empresa com sua bagagem de
conhecimentos. Infelizmente, esta passagem de bastão não é tão
simples. Muitas vezes resulta em grandes problemas: trazem o
profissionalismo, mas acabam falhando. O mesmo acontece quando
consultorias são acionadas para resolver problemas e acabam
complicando processos e gerando burocracia. Na maioria das vezes,
tornam as coisas piores (a um custo de 3.000 dólares por dia).
Quanto maior a empresa se torna, mais problemas ela tem, diminuindo
sua competitividade. É o preço do sucesso.
O segredo, segundo
Farrell, está na simplicidade, justamente o mais difícil de
conseguir. É fácil complicar as coisas, gerar controles,
relatórios, contratar pessoas, fazer reuniões, criar processos e
formulários. Difícil é criar alternativas que possibilitem manter
a essência do negócio. A maioria dos empreendedores consegue fazer
isso. Farrell chama isso de “what make it tics”, ou qual é o
princípio ativo da empresa. O MBA ou o consultor não vão captar
este princípio ativo, talvez nem a gerência média. Entender o
coração da empresa é geralmente uma habilidade daqueles que viram
o negócio sair do chão, que vivenciaram todo o desenvolvimento da
empresa, a formação de sua cultura, as mudanças pelas quais se
submeteu, sinais, enfim, invisíveis aos olhos do que só vêem o que
os livros ensinam mas que fazem a maior diferença na hora de se
implementar uma solução com o mínimo de rejeição da organização.
O ideal seria contratar
outro empreendedor para substituir o fundador da empresa. Mas nós
precisamos dos gerentes. O conhecimento acadêmico é importante e
evita que as empresas reinventem a roda. Farrell acredita que no
mundo ideal haverá bons gerentes que também serão empreendedores,
numa união harmônica e complementar entre a magia do
empreendedorismo e a ciência da academia. Ele mesmo, como
ex-presidente de uma das maiores consultorias do mundo, a Kepner &
Tregoe, se dedica ao estudo da história dos grandes empreendedores
do passado. Ele procura entender como os empreendedores criaram suas
companhias que hoje fazem sucesso.
De seus estudos, chegou
aos quatro princípios fundamentais do empreendedorismo:
Senso da missão -
empreendedores adoram o que fazem, falam demais, ele conheceu um
empreendedor que ficou 18 horas seguidas falando de sua máquina que
faz areia para campos de golfe. Já o burocrata não está nem aí,
às 5 horas ele vai embora e pára tudo.
Visão cliente-produto
- o empreendedor tem que ser bom nos dois, tanto na visão do cliente
como na visão do produto.
Ação rápida e
inovadora - aqui ele cita Akio Morita da Sony: “Mover rapidamente é
o segredo do empreendedor. Quase tudo custa dinheiro, mas tomar uma
decisão antes do competidor é grátis”. A velocidade é mais
importante do que a inovação.
Desempenho
auto-motivado - todo empreendedor adora trabalhar, vai trabalhar
cedo, volta tarde, trabalha duro. É verdade que muitos gerentes
também trabalham até tarde, mas todos os empreendedores trabalham
mais.
Matéria publicada por International Sites Brasil (www.internationalsites.com.br), em parceria com a Gráfica Muito Mais Barata (graficamuitomaisbarata.blogspot.com.br) e o Portal Consultas Contábeis (consultascontabeis.blogspot.com.br). Editores: Flávio Del Puente (Vendas e Marketing), Clara Cont (Contabilidade e Finanças) e Mauro Marques (Gestão e Empreendedorismo).
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