* Tudo é uma questão de princípios (entrevista com Stephen Covey)

Tudo é uma questão de princípios (entrevista com Stephen Covey)


STEPHEN COVEY
Idade: 71 anos.
O que fez: É autor do best seller “Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes”, que vendeu mais de 13 milhões de exemplares em todo o mundo, dos quais 500.000 no Brasil.
Pensamento: Propõe que a designação dos líderes nas empresas de todos os portes não seja feita apenas em função dos cargos que ocupam, mas em decorrência da real capacidade que têm de influenciar as pessoas.

Com MBA na Harvard University e doutorado na Brigham Young University, em Utah, no meio- oeste americano, o consultor Stephen Covey é aclamado em todo o mundo desde que seu livro “Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes” (ed. Best Seller, 39,90 reais, 440 págs.) tornou-se um best-seller internacional - já vendeu mais de 13 milhões de exemplares em 36 idiomas diferentes, dos quais 500.000 no Brasil.
Nele, Covey apresenta a sua receita de como ser eficiente em qualquer área da vida:
Seja pró-ativo;
Comece com o objetivo em mente; primeiro o mais importante;
Pense em ganha/ganha;
Procure primeiro compreender, depois ser compreendido;
Crie sinergia;
Afine o instrumento.

Segundo a revista Time, maior publicação semanal do mundo, Covey é uma das 25 pessoas mais influentes nos Estados Unidos. Co-fundador e vice-presidente da FranklinCovey, uma empresa internacional de consultoria que se dedica principalmente a temas ligados a liderança e à gestão de tempo, ele propõe o equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional como a chave para a eficiência e, conseqüentemente, para a felicidade.

Covey recebeu diversos prêmios, entre eles Empreendedor do Ano Internacional de 1994, Empreendedor de Serviços do Ano e Alcance Permanente de Empreendedor Nacional do Ano de 1996 por Liderança Empreendedora, todos outorgados pela revista Inc.
Confira agora a entrevista coletiva concedida por Stephen Covey:

Já faz 15 anos que o sr. publicou a primeira edição de seu livro “Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes”. O sr. mudaria alguma coisa nele hoje?
Eu não mudaria nada, porque os 7 hábitos são princípios atemporais e universais, que se auto-explicam. Eles não são diferentes hoje do que eram no passado - e não mudarão no futuro.
De forma simples, os 7 hábitos são uma poderosa e prática estrutura que traduz princípios em questões do dia-a-dia. Isso porque, repito, princípios como confiança, honestidade, integridade, lealdade e compaixão são universais e atemporais, pertencem a todas as pessoas.

O sr. acredita que os 7 hábitos valem em qualquer situação e em qualquer lugar do mundo?
Justamente porque os 7 hábitos são universais, eles se aplicam a todas as pessoas do mundo. Transcendem a política, a cultura, a religião, o sexo, a idade e as condições sócio-econômicas. Os princípios independem do fato de uma pessoa viver no Brasil, na Coréia ou na Índia.
Quando estamos cientes de seus poderes e os praticamos, nós nos tornamos mais poderosos para moldar nossas vidas e influenciar os outros para o bem. E isso é tão relevante para eu viver como o é para quem vive no Brasil.
A coisa mais bonita é que esses 7 hábitos, embora reunidos por mim nos Estados Unidos, não pertencem a mim ou aos americanos. Intuitivamente, eles se ajustam à mente e aos corações de coreanos, indianos, malasianos, brasileiros... Por quê? Porque os princípios são universais e eles ressoam por todo o mundo. Apesar das constantes mudanças de nosso mundo, os princípios são constantes.

Como consultor especializado em questões de liderança, o sr. acredita que qualquer um pode se tornar um líder? O que é preciso para ser um líder respeitado por seus funcionários ou subordinados?
Proponho uma visão única da questão da liderança. A aplicação pode variar de líder para líder ou de país para país. No entanto, os princípios são sempre os mesmos. Na Indonésia, no Brasil, na Austrália ou nos Estados Unidos nós devemos desafiar a noção tradicional de liderança e redefini-la de acordo com os novos desafios do mundo. Liderança é uma escolha, não um cargo. Entender isso é fundamental. É a chave do sucesso em qualquer área. Quando há um bom líder, as famílias, os negócios, as escolas, os hospitais, as comunidades e os governos prosperam. Sob uma liderança medíocre, nada disso realiza seu potencial. Liderança, então, é um negócio que diz respeito a todo mundo. É uma questão de escolha, de fazer as coisas acontecerem e de fazer a diferença.

Mas, afinal, o que é preciso para ser um líder de verdade?
Usualmente, nós chamamos as pessoas pelos seus títulos e pelos seus cargos. Nós comparamos o desempenho das pessoas investidas de autoridade e as consideramos bons ou maus líderes em função disso. Quando as coisas não funcionam como desejaríamos, é fácil e conveniente atribuir a responsabilidade pelo fracasso às ações de outras pessoas. Desta forma, porém, nós fortalecemos os pontos fracos dos gerentes e enfraquecemos nós mesmos. Apenas quando entendermos e aceitarmos que o conceito de liderança é uma escolha estaremos prontos para adotar a noção de liderança por influência e não por cargo.
Desafio você a aumentar seu poder e sua capacidade de liderar, sem levar em consideração a sua posição. Independentemente de você ser um empresário, um executivo, um zelador ou um operário, liderança é uma escolha, não um cargo. Para superar esse desafio e ser capaz de liderar num mundo em constante mudança, você precisa escolher princípios que são universais e atemporais.

O sr. costuma dizer que é importante aumentar a autoconfiança para obter sucesso. Mas qual é o melhor caminho para chegar lá?
Para ser digno de confiança, comece por desenvolver a integridade, a maturidade e uma 'mentalidade de abundância', ou seja, a idéia de que há recursos suficientes e de que existem infinitas oportunidades para você se auto-realizar. É o oposto da mentalidade escassa, que limita o desenvolvimento das pessoas, e é estimulada pelo amor condicional no lar e pela excessiva competição no trabalho e nos esportes.
Quando uma pessoa não é dependente de julgamentos externos e de comparações sobre seu comportamento, ela pode ser genuinamente feliz com o sucesso dos outros. Você perceberá que quanto mais você viver em paz com a sua consciência e valores, mais abundante será a sua visão do mundo, do seu trabalho e de seus relacionamentos.

E como desenvolver a integridade que o sr. mencionou?
A melhor forma de desenvolver sua integridade é fazer uma promessa e cumpri-la. Comece pequeno. Faça promessas modestas e, quando as fizer, sempre cumpra com seu dever. Quanto mais você cumprir as suas promessas, inclusive as que faz a você mesmo, maior será a sua capacidade de manter as grandes promessas. Rapidamente, sua integridade deverá se tornar mais forte do que a sua oscilação de humor. Afinal, como se diz por aí, “promessa é dívida”. Com o tempo, você conseguirá superar qualquer percepção negativa que os outros possam ter de você e vai desenvolver uma reputação de que os outros sempre poderão contar com você. Se você escorregar e falhar ao cumprir uma promessa, peça desculpas sinceras imediatamente e, numa próxima oportunidade, procure ir além das expectativas dessa pessoa.

E no caso da maturidade, o que é preciso fazer?
Para mim, a maturidade é algo que requer coragem e bondade ao mesmo tempo. Quanto mais você for fiel a você mesmo e a seus valores, mais você será dono de você mesmo e capaz de controlar suas palavras e ações. Você vai achar cada vez mais fácil ser uma pessoa agradável, paciente e capaz de ouvir, enquanto expressa respeitosa e apaixonadamente as suas convicções. Ouça mais. Fale menos. Tenha certeza de que você conhece o ponto de vista dos outros. Só então apresente as suas convicções.

No seu próximo livro, que deve ser publicado ainda neste ano, o sr. fala sobre como atrair e reter talentos nas empresas. Qual é o segredo?
Atrair e reter talentos é, sem dúvida, um dos mais importantes desafios da administração hoje em dia. Para conseguir isso é preciso entender que as pessoas são multidimensionais. Têm corpo, coração, mente e espírito e necessidades particulares associadas com cada uma dessas dimensões. Só que a maior parte das empresas faz vista grossa a essa importante característica do ser humano. Não entendem que a necessidade de as pessoas atenderem a suas diferentes dimensões é tão necessária quanto o ar que respiramos. Nossos corpo, coração, mente e espírito precisam encontrar espaço para se desenvolver em todas as áreas da vida. Se você ignorar, menosprezar ou violar qualquer parte de você mesmo, vai reduzir a sua capacidade. No trabalho, nós todos desejamos as mesmas coisas:
1) Pague-me de modo correto (corpo);
2) Trate-me de forma agradável (coração);
3) Comprometa-me criativamente (mente);
4) Engaje-me para servir às necessidades humanas com base em princípios (espírito).
Quando as empresas criam oportunidades e ambientes que envolvam as quatro dimensões de seus empregados, elas beneficiam o aprimoramento da performance das pessoas como um todo nos diferentes aspectos do trabalho - e isso é a essência da liderança.


Matéria publicada por International Sites Brasil (www.internationalsites.com.br), em parceria com a Gráfica Muito Mais Barata (graficamuitomaisbarata.blogspot.com.br) e o Portal Consultas Contábeis (consultascontabeis.blogspot.com.br). Editores: Flávio Del Puente (Vendas e Marketing), Clara Cont (Contabilidade e Finanças) e Mauro Marques (Gestão e Empreendedorismo).