
O mestre da estratégia
Um dos pensadores econômicos mais conceituados da atualidade, o professor indiano Vijay Govindarajan acredita que, hoje, a inovação acontece primeiro em países emergentes como Brasil, Índia e China.
Eleito pelo Financial Times como um dos 50 maiores pensadores do mundo em estratégia, o indiano Vijay Govindarajan garante: os mercados emergentes são os inovadores da vez. Consultor chefe de inovação na GE, ele é autor do termo “Inovação Reversa” - hoje as idéias surgem nos países emergentes, para depois serem exportadas para os mais ricos. Em entrevista, ele diz que a nova dinâmica gera oportunidades para pequenas e médias empresas.
O que é inovação reversa?
Historicamente, as potências investiam em inovação e produziam internamente, para depois exportar aos países em desenvolvimento. Esse processo, difundido na década de 1990, foi denominado glocalização. O termo significa pensar globalmente e atuar localmente. Inovação reversa significa o oposto. É fomentar a inovação em países como China, Índia e Brasil, para depois levá-la aos países ricos.
Os emergentes têm tecnologia para criar bens de consumo competitivos no mercado internacional?
As economias emergentes têm um longo caminho a percorrer. Mas isso não quer dizer que não podem ser competitivas.
Como as pequenas e médias empresas brasileiras podem aproveitar a inovação reversa?
Elas não podem ter medo de arriscar e competir com as multinacionais. O momento é excelente para pequenas e médias empresas porque elas conhecem a fundo o consumidor do país. Como entendem seus hábitos, podem suprir os anseios dos consumidores.
É difícil para empresas menores criarem um ambiente propício para a inovação?
Não. Essas empresas têm todas as ferramentas. São flexíveis, ágeis e empreendedoras, qualidades essenciais para inovar.
Qual a principal barreira para a difusão da inovação reversa?
É preciso promover uma mudança de mentalidade nas companhias que dominam o mercado econômico mundial. A produção da maioria das multinacionais ainda está voltada para indivíduos de alta renda. É preciso atender também pessoas pobres em países pobres, um mercado em potencial que está marginalizado.
Como os empreendedores brasileiros podem competir com Índia, China e Rússia?
O grande desafio é exportar bens de maior valor agregado. É importante também que os integrantes do BRIC (grupo de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia e China) se enxerguem como parceiros, e não como adversários. O mercado não é restrito. Existe espaço para todos, desde que haja competência. Quando esses países se unem e fazem acordos, um supre a deficiência do outro.
Quais os setores em que os empreendedores brasileiros podem encontrar boas oportunidades?
A meu ver, os empresários brasileiros devem investir nos setores de saúde e educação, áreas deficitárias e nas quais o governo não mostra eficiência. Além disso, educação é fundamental para o crescimento do país. É desanimador constatar que muitas vagas em cargos estratégicos não são preenchidas porque falta mão de obra qualificada.
Vijay Govindarajan
Quem é:
Um dos maiores especialistas mundiais em estratégia e inovação
O que faz:
Doutor por Harvard, Consultor Chefe de Inovação na GE e professor de negócios internacionais na Tuck School, onde também dirige o Global Leadership 2020, programa de educação lecionado em três países e focado em gerenciamento global
www.vijaygovindarajan.com
Matéria publicada por International Sites Brasil (www.internationalsites.com.br), em parceria com a Gráfica Muito Mais Barata (graficamuitomaisbarata.blogspot.com.br) e o Portal Consultas Contábeis (consultascontabeis.blogspot.com.br). Editores: Flávio Del Puente (Vendas e Marketing), Clara Cont (Contabilidade e Finanças) e Mauro Marques (Gestão e Empreendedorismo).